Valorizar as técnicas e os saberes ancestrais é uma reivindicação da CASACOR 2024: a frase “De presente, o agora”, que representa o tema desta edição, foi apresentada pelos curadores como uma reflexão sobre o impacto de cada ação e escolha nos projetos da mostra. Uma das formas pela qual a temática se traduziu na CASACOR São Paulo 2024 foi na presença de um mobiliário artesanal confeccionado por povos originários e comunidades brasileiras.
Os bancos esculpidos em madeira pelo artista Kulykirda Stive Mehinaku para a Praça Tekohá, projeto de Luciano Zanardo, representam a história do povo Mehinaku, situado no território indígena do Xingu no Mato Grosso. Na sua estreia em CASACOR, o mobiliário produzido por Kulykirda configura a forma de animais nativos do Xingu e corresponde a mais de 15 peças do ambiente.
Segundo Kulykirda, os bancos são os assentos da comunidade indígena do Xingu, e cada um deles possui um significado diferente: “Tem banco pajé, que é quadrado, tem banco cacique, que é gavião, urubu rei e duas cabeças”. Para a confecção dos bancos, foi utilizado o grafismo corporal dos povos Mehinaku.
O artista seguiu o caminho da família, que produz arte há muitas gerações, mas foi apenas com Kulykirda que a tradição artística da comunidade recebeu ampla visibilidade. “Na época do meu pai e meus avós, as nossas peças não tinham visibilidade nem valorização. Eu fico muito feliz por estar conseguindo reconhecimento dos meus trabalhos e da cultura milenar do meu povo Mehinaku e, futuramente, os nossos filhos vão seguir mantendo essa cultura”, afirma.
A arte indígena também é protagonista da Casa Urucum, projeto da SALA2 Arquitetura. Ao resgatar o artesanato de uma cultura pré-colombiana, as cerâmicas dos povos Marajoaras adicionam uma dimensão cultural e histórica no espaço, descreve Vanessa Martins, arquiteta do ambiente.
Na Casa Veredas Simonetto, projeto de Gabriel Fernandes, a ancestralidade está representada nos 2.500 nichos preenchidos com tijolos produzidos artesanalmente pela comunidade Maria do Barro. Segundo o arquiteto, o artesanato homenageia a casa caipira brasileira e a origem das peças potencializa ainda mais o significado do espaço.
As artesãs do Instituto Maria do Barro são as criadoras da complexa estrutura do ambiente de Gabriel. A comunidade é composta por mulheres que viviam em situação de vulnerabilidade e, atualmente, garantem toda a sua renda delas por meio do trabalho com o barro.
As seis grandes colunas — confeccionadas em seis dias — presentes no Estúdio Âmago, arquitetado por Ana Weege, também possui autoria de uma comunidade artesã feminina. Em parceria com as Mulheres de Fibra, um grupo de artesãs do interior de São Paulo, Ana e a designer Luly Vianna desenvolveram biombos a partir de fibras de taboa.
O artesanato local na CASACOR São Paulo 2024 se expande até o ambiente EnCantos, da arquiteta Letícia Nannetti. A partir dos bordados confeccionados por uma comunidade de mulheres artesãs da Vila São José dos Lopes, na Serra de Ibitipoca, o ambiente reverbera as culturas e tradições do interior de Minas Gerais.
SERVIÇO – CASACOR São Paulo 2024
Onde: Conjunto Nacional, na Avenida Paulista, 2073 – São Paulo (SP)
Quando: de 21 de maio a 28 de julho de 2024
Horário bilheteria:
Terça a sábado, das 12h às 22h
Domingos e feriados, das 11h às 21h
Bilheteria digital:
https://appcasacor.com.br/en/events/sao-paulo-2024
Valores dos ingressos:
R$ 111 – Inteira
R$ 56 – Meia-entrada
Compra de ingresso de meia-entrada: idoso a partir de 60 anos, estudante apresentando o documento válido com foto ou recibo de pagamento. Deficiente e seu acompanhante (conforme lei 12.933/13). A comprovação de meia-entrada será exigida na porta.