O estúdio ABIBOO liderou o projeto arquitetônico de uma cidade autossuficiente e sustentável em Marte, que poderá abrigar um milhão de humanos. A proposta foi baseada nos estudos mais recentes sobre o planeta vermelho e inclui cinco cidades, cuja capital foi batizada de “Nüwa”.
Considerando as condições atmosféricas, a ABIBOO escolheu a encosta de um penhasco em Marte para construir uma cidade vertical, pois só neste local seria possível que os residentes tivessem o benefício do acesso à luz solar e ficassem protegidos da radiação cósmica marciana, que é letal para os seres humanos.
“Se construíssemos os edifícios como na terra, os edifícios tenderiam a explodir com a pressão”, diz Alfredo Muñoz, fundador da ABIBOO. “A radiação solar e gama em Marte nos forçou a construir espaços que não estão diretamente expostos ao céu.”
Cada cidade acomoda entre 200.000 e 250.000 pessoas e segue a mesma estratégia urbana. Abalos City, por exemplo, está localizada no pólo norte para alavancar o acesso ao gelo, enquanto Marineris City, está localizada no cânion mais extenso do sistema solar.
Trabalhando ao lado de acadêmicos e outros membros da SONet – uma equipe internacional de cientistas e acadêmicos liderados pelo astrofísico Guillem Anglada -, os arquitetos desenvolveram soluções para estruturas que protegem os habitantes da radiação em Marte, do impacto potencial de meteoritos, garantem o acesso indireto à luz solar e resolvem a diferença de pressão atmosférica entre o interior e o exterior dos prédios. Além disso, a configuração urbana teve que considerar os sistemas de suporte à vida, como a produção de alimentos, ar e água.
No vale, estruturas específicas abrigam hospitais, escolas e universidades, atividades esportivas e culturais, áreas comerciais e estações de trem que se comunicam com o ônibus espacial. Uma montanha artificial criada com material adicional extraído das escavações atua como uma moldura visual para a cidade e contém sistemas auxiliares de energia, armazenamento e estacionamento para veículos espaciais e caminhões dentro da cidade.
Um assentamento humano em Marte também requer estruturas para cumprir as funções essenciais de ar, água e produção de alimentos. Em Nüwa e suas cidades adjacentes, todas as construções arquitetônicas incluem aspectos de segurança adicionais para regular a pressão atmosférica interna e oferecer zonas de refúgio para casos de emergência.
As safras seriam cultivadas em módulos agrícolas com um ambiente enriquecido com CO2, que não seria respirável para os humanos. Como resultado, as tarefas operacionais nessas instalações serão automatizadas. Para aumentar a eficiência das colheitas, a equipe de astrobiologia de especialistas da SONet optou por um sistema hidropônico que requer menos água e espaço do que outros métodos baseados em colheitas acima do solo.
Após um curto período inicial de investimento de capital e abastecimento da Terra, este desenvolvimento urbano no Planeta Vermelho irá crescer por seus meios e de maneira sustentável. Todos os materiais necessários para a construção da cidade são obtidos em Marte pelo processamento de carbono e outros minerais.
O projeto é parte de um trabalho científico organizado pela The Mars Society e desenvolvido pela rede SONet, uma equipe internacional de cientistas e acadêmicos. A projeção é que a construção possa começar em 2054, sendo habitável até 2100.