Obras multissensoriais marcarão a reabertura do Museu do Ipiranga
Com uma nova perspectiva acerca do tema acessibilidade, a reabertura do Museu do Ipiranga, em São Paulo, está prevista para setembro de 2022
Arte para todos! Essa é a nova proposta da organização do Museu do Ipiranga, que recebeu cerca de R$ 210 milhões, financiados pela Lei de Incentivo à Cultura, para desenvolver um projeto arrojado e importante: a criação de estruturas acessíveis e peças multissensoriais. A previsão de abertura está para 07 de setembro de 2022 e irá contemplar peças que atendam pessoas com deficiência visual, motora, auditiva e intelectual.
O Museu do Ipiranga foi construído entre 1885 e 1890, foi fechado em 2013 e agora, está com uma proposta mais inovadora, totalmente antenado com as necessidades do seu público. Mais do que criar um estrutura mais acessível para que pessoas portadoras de deficiência sejam capazes de adentrar o museu, a proposta é oferecer peças e expressões artísticas que podem ser apreciadas por esses grupos.
O acervo do museu conta com mais de 3,5 mil obras, distribuídas em 49 salas, e agora serão 379 peças com tratamento multissensorial, que poderão ser tocadas e sentidas, e ainda serão descritas em linguagem simplificada, com legendas e Libras (Língua Brasileira de Sinais) e exibições multimídia. Alguns trabalhos também irão explorar o olfato.
“O Museu reabrirá fortemente comprometido com a democratização do acesso às exposições, com um projeto sem equivalentes no Brasil em número e diversidade de recursos”, afirma Rosaria Ono, diretora da instituição. “Assim que for colocado em prática, seguiremos avaliando sua eficácia periodicamente com o público, a fim de seguirmos aprimorando nosso compromisso com a diversidade”, conclui.
Reformas do Museu do Ipiranga
As reformas do Museu do Ipiranga começaram em outubro de 2019, com propostas de acessibilidade e inclusão. “O trabalho de tornar as exposições acessíveis não aconteceu depois, e sim durante a construção dos conteúdos, tornando possível a experiência da coexistência”, ressalta Denise Peixoto, educadora do Museu.
Uma das mudanças mais drásticas no processo de construção é a instalação de um fosso com quase oito metros de altura no centro do prédio tombado, que servirá para instalar os elevadores e garantir o acesso de cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida no Salão Nobre – onde se encontra a obra mais famosa do museu, Independência ou Morte, de 1888, de Pedro Américo.
A pintura, que é considerada uma das mais importantes para recordar a história do Brasil, será mudada de posição, já que antes poucos conseguiam ter acesso. No “Novo Museu”, a tela com mais de 7 metros de largura e 4 metros de altura estará disponível para todos os públicos, e terá uma réplica que poderá ser tocada, numa representação em relevo. De acordo com Mauro Halluli, arquiteto da Fundação de Apoio à USP, também haverá acessibilidade com plataformas ou elevadores para a exploração de algumas salas com degraus e o auditório.