Uma mãe, com duas filhas pré-adolescentes, comprou esta cobertura duplex de 400 m², em São Conrado (zona sul do Rio de Janeiro), e em seguida convocou as arquitetas Carolina Escada e Patricia Landau, do escritório Escala Arquitetura, para fazer uma reforma completa. A ideia era repensar todos os espaços para adaptá-los às necessidades da família, que gosta muito de receber os amigos em casa, tanto adultos como crianças.
“A cliente queria ter uma residência com ambientes amplos e aconchegantes, com características de casa, e ainda que valorizasse suas muitas obras de arte e móveis brasileiros garimpados por ela própria ao longo dos anos”, conta Carolina Escada. O escritório faz parte do elenco da CASACOR Rio de Janeiro.
O pavimento inferior foi transformado em um apartamento funcional para a família, incluindo uma suíte com closet para cada filha, e o andar superior passou a abrigar um estar com espaço gourmet integrado à área externa, além de uma suíte máster ampla.
Como o imóvel já contava com um terraço espaçoso na cobertura, no piso inferior, as arquitetas optaram por integrar a varanda à sala, criando assim um ambiente único de convívio, reforçado pelo mesmo piso em tábua corrida de tauari.
Elas também usaram uma parte do hall de distribuição para criar uma copa antes da cozinha. “Instalamos esquadrias deslizantes de madeira, com venezianas móveis, entre a cozinha e o hall de distribuição, permitindo integrar ou isolar os ambientes, de acordo com a necessidade”, informa Patricia Landau.
Neste mesmo ambiente, a escada que interliga os dois pavimentos rouba a cena com seu visual escultórico. Acompanhando o formato helicoidal da circulação vertical, o guarda-corpo de chapa metálica pintada de branco envolve os degraus, forrados com madeira.
Na área social do pavimento inferior, as arquitetas usaram uma base em tons mais neutros e naturais, como branco, cortén e madeira, com toques de cor presentes nas obras de arte que já faziam parte do acervo da cliente, com destaque para criações de Daniel Senise, Galvão, Ascânio MMM, Jorge Mayet, Duda Moraes e Arthur Pedro Motta.
Boa parte dos móveis também já era da cliente, que é uma amante do mobiliário brasileiro, sobretudo dos anos 1950 – tem de cadeiras de jantar Senhor de Jorge Zalszupin e Lucio de Sergio Rodrigues à mesa de centro Roots Cork de Jader Almeida, passando pelas poltronas Eva de Gustavo Bittencourt e Pantosh da Lattoog.
No piso superior, originalmente, a sala e o terraço não estavam bem integrados e o espaço destinado ao estar era limitado. Após a reforma, a sala foi recuada para criar um corredor coberto, porém externo, com uma circulação em deck. Esse pavimento passou a oferecer então ambientes ainda mais amplos como a cliente desejava, delimitados por grandes painéis de vidros deslizantes que permitem integrar as áreas internas e externas, quando necessário.
Como o foco é o lazer da família e o convívio com amigos e parentes, a sala de estar conta com um telão embutido na estante para que o espaço também possa ser usado como home theater. Logo ao lado, a mesma estante se transforma em uma bancada gourmet com forno de pizza e mesa para refeições.
A área externa conta com churrasqueira, lounge e deck de apoio à piscina, além do paisagismo, que foi essencial para trazer um “frescor” em meio aos elementos mais densos que constituem os ambientes.
No mobiliário da sala interna roubam a cena a poltrona Mole e as cadeiras Oscar de Sergio Rodrigues, o banco Iaiá de Gustavo Bittencourt e mesa de jantar de Arthur Casas. Entre as obras de arte, há criações de grandes nomes também brasileiros, como Gabriela Machado, Vick Muniz, José Bechara, Raul Mourão, Arthur Lescher.
Também no andar superior, a suíte máster é um espaço bem amplo, totalmente voltado para a vista e com o banheiro bem integrado ao dormitório. Para dar a ideia de continuidade, os dois ambientes têm paredes com a mesma textura e tonalidade e também compartilham detalhes em marcenaria similares. Uma grande bancada instalada na parede do dormitório funciona tanto como home office como penteadeira.
“O apartamento traduz o conceito de uma arquitetura carioca quase de forma literal, seja pela personalidade, liberdade e jovialidade de tudo que foi escolhido para ambientar este projeto quanto pela atmosfera descontraída que que permeia todos os espaços”, avalia Carolina Escada.
“Nosso maior desafio neste projeto foi fazer uma grande obra em termos estruturais para integrar bem os espaços. Também tivemos que mudar a escada de lugar para conseguir uma área de estar generosa no segundo pavimento e ainda bem integrada ao terraço”, finaliza Patricia Landau.