Esqueça aqueles ambientes frios, sem atrações, como a maioria dos lounges dos aeroportos convencionais são projetados. O terminal do São Paulo Catarina Aeroporto Executivo já nasce com um diferencial: o projeto de interiores traz a assinatura de uns dos mais prestigiados e importantes escritórios do país quando o assunto é décor. Sig Bergamin e Murilo Lomas assinam o lounge com o mesmo rigor que projetam casas pelo mundo afora.
“O que motivou o projeto foi, desde o início, abraçar a relação entre arte e arquitetura. Um aeroporto que fosse também uma galeria, ou uma galeria que por conveniência fosse também um aeroporto”, conta Murilo Lomas, coautor do projeto com Sig Bergamin. “Essa dualidade do espaço, que a princípio pode parecer um trabalho árduo de se resolver, convergiu naturalmente”, pontua o arquiteto, ao destacar que arte e arquitetura caminham de mãos dadas para a execução de qualquer bom projeto.
Localizado no km 62 da Rodovia Presidente Castello Branco, o São Paulo Catarina Aeroporto Executivo, conta com uma pista de pousos e decolagens com 2.470 metros – Congonhas tem 1.940 – e capacidade para receber jatos executivos de grande porte. Além disso, recebe seus passageiros com um convite ao relax por meio do mobiliário confortável e da presença marcante das obras de arte.
Resultado de um intenso trabalho de curadoria, bons nomes das artes são exibidos entre eles: Janaina Melo Landini, Fábio Baroli, Pedro Varela, Luis Coquenão e Juliani Cerqueira Leite. Vale destacar o trabalho de Tânia Candini, com a peça Obreiros, que parece sobrevoar o espaço. A composição feita com centenas de chapéus de uma rede de fast-food americana, sugere que cada indivíduo é essencial ao sucesso do todo.
Seguindo o forma clássica das galerias com sua predominância do branco, pinturas e fotografias vestem as paredes muito favorecidas pela generosa entrada de luz natural, que atravessa os grandes panos de vidro pensados estrategicamente de um lado do projeto; enquanto esculturas e instalações conversam com as escolhas de mobiliário, cuja maior parte foi produzida especialmente para o espaço, inspirada no design dos anos 1950 e 60.
“A ideia foi criar um ambiente que tivesse uma passagem memorável, um espaço em que as pessoas se sentissem à vontade com se estivesse em casa. Essa familiaridade foi conquistada justamente por meio da exposição de arte” afirma Sig Bergamin.
Para ambos os arquitetos, a proposta de reunir tantas obras em um só lugar foi um desafio. Realizar uma cuidadosa curadoria de cada peça, estabelecer contatos com os artistas, além de pensar e repensar as melhores disposições de cada obra foi um processo intenso. “Esse trabalho é muito mais complexo do que pode parecer, mas incrivelmente prazeroso”, comemoram. E destacam que o ponto forte é justamente essa conversão: “um ambiente que tipicamente é pouco ocupado e é visto como espaço de transição passa a ter um novo sentido, um objetivo em si, a despeito da viagem, e até mesmo atrai pessoas que não necessariamente estão ali aguardando um voo”, finaliza Sig.