Uma arte democrática, educativa, eclética e cercada de amor é o que define o trabalho do designer carioca Marcos Scorzelli.
Formado em design de produtos pela PUC-Rio, o artista começou a carreira inovando em projetos de arquitetura como designer de interiores corporativo e cenógrafo. Mas foi através de uma história de amor entre pai e filho que o Marcos deu vida aos seus bichos minimalistas feitos de aço carbono.
“É uma longa história de amor, eu sempre falo isso”, revela.
Das mãos de seu pai, o artista plástico e arquiteto Roberto Scorzelli (1938/2012), surgiram os primeiros bichos de papel com os quais brincavam juntos, à época em que Marcos e sua irmã ainda eram crianças. No final da década de 1990, o designer redescobre alguns desses desenhos – que estavam guardados na gaveta de seu pai — e, assim, o verbo “criar” passa a ser conjugado no plural pelos dois artistas.
“Esses bichos iniciais eram uma brincadeira, realmente, de pai e filho. Eu fazia um bicho, deixava na mesa dele, ele lapidava aquela forma, me devolvia. Aí eu lapidava e devolvia…”, conta Marcos.
A ideia sempre foi transformá-los em esculturas de grande formato. O fundamental era não perder o conceito, não haver perda de material, sem solda ou recortes.
Com a morte de seu pai em 2012, Marcos seguiu alimentando sua imaginação para que esses bichos saíssem do papel. Assim, utilizando sua experiência em geometria, computação gráfica e sua formação em designer de produtos, Scorzelli começa, então, a produzir esculturas em aço carbono.
“Isso foi uma vivência nova para um arquiteto que tinha o dia a dia dentro de um escritório, que entendia do mundo corporativo, e, de repente, descobre que tem em mãos uma coisa que gera um retorno emocional fantástico”, revela o designer.
A partir de formas geométricas simples com alguns cortes, vincos e movimentos precisos, Marcos chega a uma forma tridimensional, curiosa e vibrante. São esculturas de aço que revelam formas minimalistas e, ao mesmo tempo, surpreendentes; resultando em uma explosão de cores e pura geometria.
Assim, em menos de dois anos de carreira, Marcos Scorzelli já acumula um currículo de relevância no mercado. Exposições de sucesso e prestígios internacionais reforçam o propósito traçado pelo designer ao dar existência a esses bichos.
“A minha proposta é conversar com as pessoas sobre a relação do bidimensional e do tridimensional. Todos esses bichos nascem de uma forma primária, que é um círculo, quadrado e retângulo. E essas formas não têm solda, não têm emenda, elas não têm perda de material. É um origami minimalista”, explica.
Além das exposições, Marcos coordena um trabalho educativo e sustentável com crianças através dos seus próprios bichos. Com um papel e lápis na mão, o projeto busca aguçar a curiosidade dos pequenos, estimular a interação com as obras e despertar o imaginário das crianças.
“Os bichos mexem muito com o lúdico. Como é uma forma muito limpa e muito geométrica, e remete a um bicho, então, todas as crianças, de todas as idades, se estimulam a olhar, tentar descobrir como ele é, imaginar a engenharia reversa dessa peça… E essa valorização é muito legal”, afirma o designer.
Para 2023, exposições em diferentes partes do país estão sendo planejadas por Marcos e sua equipe. A cidade de São Paulo é a favorita do designer para apresentar seus bichos coloridos e educativos.
Enquanto nenhuma data de mostra é fechada, o que fica é a certeza que as criações de novas artes e a saudade de seu pai, sua grande inspiração, serão constantes. “O que era uma história de amor, carinho, virou um prazer máximo. E isso traz muito meu pai pra perto de mim, que é uma pessoa que sinto muita saudade.”