Continua após publicidade

Livro investiga as raízes do design brasileiro de 1947 a 1968

O livro “boa forma gute form” relaciona as raízes do design no Brasil com o movimento de arte concreta e a Escola de Ulm, na Alemanha

Por Redação
12 Maio 2022, 15h00
Livro boa forma gute form: design no brasil 1947-1968 (Editora Act., 224p).
Livro boa forma gute form: design no brasil 1947-1968 (Editora Act., 224p). (Divulgação/CASACOR)

Reunindo ensaios inéditos de especialistas em design e arte, infográficos detalhados e uma extensa pesquisa iconográfica, o livro “boa forma gute form: design no brasil 1947-1968“, organizado por Livia Debbane e com coordenação geral de Fernando Ticoulat e João Paulo Siqueira Lopes, lança nova luz sobre as origens do design brasileiro, nos anos 1950 e 1960, ligando-as ao movimento de arte concreta e às ideias defendidas pela Escola de Ulm, na Alemanha, herdeira da Bauhaus.

Expografia Die gute Form (1949).
Expografia Die gute Form (1949). (Ernst Scheidegger/CASACOR)

Textos inéditos de importantes estudiosos, um depoimento afetivo do designer alemão Karl Heinz Bergmiller – notável personagem dessa trama –, além de uma esclarecedora linha do tempo, contextualizando artistas, designers, obras, exposições e escolas de design estão presentes na publicação.

Entre os autores, estão Aleca Le Blanc, Alexandre Benoit, Ana Luiza Nobre, Chico Homem de Melo, David Oswald, Ethel Leon, Felipe Scovino, Julieta González, Malou von Muralt, Mina Warchavchik Hugerth, Pedro Luiz Pereira de Souza e Rodrigo Paiva.

Esdi na Bienal de Desenho Industrial 70, MAM Rio (1970).
Esdi na Bienal de Desenho Industrial 70, MAM Rio (1970). (Arquivo Esdi/CASACOR)

“Além de um valioso registro histórico, o livro aborda um momento seminal para a cultura brasileira, no qual as áreas criativas estavam cheias de entusiasmo por um país em construção e de esperança em um futuro promissor“, analisa Livia Debbane, idealizadora do livro e coordenadora da pesquisa, feita em conjunto com Bárbara Garcia.

Max Bill, Hans Gugelot & Paul Hildinger, ulmer hocker (1954).
Max Bill, Hans Gugelot & Paul Hildinger, ulmer hocker (1954). (HfG-Archiv Ulm/CASACOR)

“O design, entendido como mediador fundamental das relações entre o homem e seu meio ambiente, nos acompanha desde sempre. Mas o mesmo não se pode dizer do campo do design, que em meados do século XX apenas começava a se consolidar. É esse processo de institucionalização no Brasil que a publicação se propõe a contar; uma narrativa pouco explorada de forma transversal nas relações e numerosos contatos entre museus, escolas e os profissionais a eles ligados, e que relembra uma série de personagens e de produções menosprezados“.

Partindo da vinda de Max Bill ao Brasil, o livro investiga como os contatos que o artista concreto fez no país foram importantes para a expansão e a formação da consciência do design no Brasil, junto a personalidades como Geraldo de Barros, Mary Vieira, Alexandre Wollner e Almir Mavignier. Ao mesmo tempo, o livro explora a influência da Hfg-Ulm, a Escola de Ulm, no programa didático da Escola Superior de Desenho Industrial (ESDI/UERJ), que foi inaugurada em 1963, a primeira do tipo no país.

Exposição Max Bill, Masp (1951).
Exposição Max Bill, Masp (1951). (Peter Scheier/CASACOR)

Com belo e minucioso projeto gráfico criado por Julio Mariutti, do Estúdio Lógos, ao lado de Ilana Tschiptschin, e lançamento internacional, em parceria com a tradicional Turner Libros, o livro deixa claro como uma geração de designers brasileiros soube reinterpretar conceitos de escolas europeias no contexto nacional, criando um caminho próprio para o design moderno brasileiro. Uma publicação fruto de uma extensa pesquisa que serve, a um só tempo, como inspiração para os interessados em arte e design e como verdadeiro documento para os estudiosos do tema.

Compartilhe essa matéria via:
Publicidade