Usar máscara é essencial para protegermos a nós mesmos e aos que estão ao nosso redor. No entanto, somente vestir o item não é o suficiente: para evitar contaminações, é preciso que sua higienização e seu descarte seja feito de maneira correta.
Segundo o Instituto Akatu, após quase um ano de pandemia, o Brasil pode chegar ao descarte de mais de 12,7 bilhões de máscaras de tecido, levando em conta que cada uma delas pode ser lavada até 30 vezes e que um brasileiro possui, em média, cinco delas. Em volume, essa quantidade de resíduos seria suficiente para preencher mais de 9 mil apartamentos de 50 m² ou para encher 457 piscinas olímpicas.
As máscaras de pano são reutilizáveis e devem ser higienizadas antes de cada nova utilização. A OMS indica que esse tipo pode ser lavado até 30 vezes antes do descarte apropriado. Lave com sabão ou detergente, de preferência com água quente. No entanto, após sua validade expirar, o destino é o mesmo dos modelos descartáveis e hospitalares: o lixo comum. Mas antes de descartá-las, é preciso tomar alguns cuidados. Confira as dicas do Instituto Akatu.
- Para evitar a contaminação de pessoas que manejam nossos resíduos, coloque as máscaras usadas em uma sacola e identifique que se tratam de itens usados. Descarte na lixeira de resíduos orgânicos.
- Evite jogar máscaras em lixeiras na rua para impedir que catadores de resíduos sólidos tenham contato com materiais contaminados. Pela mesma razão, não descarte máscaras junto de materiais destinados à reciclagem.
- Se você está na rua, descarte sua máscara no lixo de um banheiro ou deixe para jogar na lixeira comum ao chegar em casa.
- Nunca a descarte na rua para evitar que ela acabe em rios e oceanos ou entupa bueiros. A Sociedade Americana de Química estima que 129 bilhões de máscaras e 65 bilhões de luvas são descartados por mês no mundo.
Máscaras que viram viseiras
Com o acúmulo cada vez maior de máscaras descartáveis jogadas no lixo, diversas empresas no mundo estão estudando formas de reaproveitar de forma sustentável esses EPIs. A francesa Plaxtil, por exemplo, produz plástico ecológico a partir de resíduos e, desde junho de 2020, tem recolhido máscaras na região francesa de Nova Aquitânia por meio de pontos de coleta. As peças, após uma quarentena de quatro dias, passam por um túnel de luz ultravioleta, onde são desinfetadas. Daí, o plástico é utilizado na fabricação de novos itens, como face shields, retornando o material à cadeia de consumo.
Máscaras que viram tijolos
Na Índia, Binish Desai, fundador da Eco Eclectic Techologies, criou o Brick 2.0, um tijolo feito a base de máscaras descartadas, papel e uma substância que dá liga aos componentes. Após serem desinfetados, os EPIs são triturados, misturados e colocados em um molde, onde secam por três dias. Segundo a empresa, cada tijolo reutiliza 7 kg de resíduos a cada metro quadrado produzido. E também é à prova d’água, resistente ao fogo, mais leve e mais resistente que o tijolo comum.
Máscaras que viram asfalto
Apesar de ser somente um estudo, pesquisadores do Instituto Real de Tecnologia de Melbourne (RMIT University), na Austrália, fizeram testes para transformar máscaras descartáveis usadas em asfalto. O estudo, publicado na revista Science of the Total Environment, propõe que máscaras trituradas sejam misturadas a resíduos de construções para criar asfalto. E, como a maioria dos EPIs é feito principalmente de plásticos, incluindo polipropileno, cloreto de polivinila e borracha de nitrila butadieno, a metodologia proposta pode ser aplicada a diferentes equipamentos, não só máscaras.